terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - Personagens


 Retirado de http://gmas.no.sapo.pt/Ficheiros/cnarrativa%20-%20accao.htm



Ação

A ação principal da história é o desenrolar da paixão entre o Gato e a Andorinha. 
Ela começa com quem conhece a história – o Vento – chegando ao ouvido do narrador. Este último conta-nos como se desenrola essa paixão através da intensidade das conversas e dos passeios entre as personagens principais.
 
Tudo se passa em torno da história de amor entre os dois: os comentários das outras personagens, o tempo, a maneira como são tratados e como eles tratam os apaixonados. O momento máximo está no fim da “Primavera”, onde estes começam a se afastar, dado que a Andorinha estava prometida para o Rouxinol.



Tempo 



A história principal é narrada de acordo com as estações do ano. Simbolicamente, elas estão de acordo  com os sentimentos das personagens principais. Na Primavera, o Gato e a Andorinha conhecem-se. No Verão o Gato apercebe-se que está apaixonado pela Andorinha e fica com ciúmes por ela sair com o Rouxinol. No Outono, o Gato sofre com as outras personagens, devido à má fama que o Gato tivera no passado (mau, rabugento, perigoso, temido). Escrevia poemas, para a amada, de modo apaixonado, nostálgico. O Inverno é caracterizado pela separação dos amantes – a tristeza, de certo modo, acompanha-os.


Espaço 



 Falemos então dos três tipos de espaço: físico, social e psicológico.
O espaço físico da história é um parque, onde as personagens se movem, visto com muita clareza pelas personagens: é o lugar onde eles vivem.
Em termos de espaço social, diríamos que o Gato é um vagabundo, que vive no parque, livre de impedimentos porque todos o temiam. A Andorinha já é uma “flor de estufa”, muito bem protegida pela sua classe social, a classe social alta.  Diria que seria um amor impossível também devido às suas diferenças de classes sociais.
 
Quanto ao nível psicológico, o Gato Malhado sofre uma experiência que lhe abrir as portas para as recordações, a memória de uma paixão idealizada, romântica e sofrida. Esse sofrimento o faz crescer interiormente.

Narrador



O narrador não participa da história. Ele é  totalmente alheio aos acontecimentos que narra. Por isso, a sua narração é feita na 3ª pessoa:

A história que a Manhã contou ao Tempo para ganhar a rosa azul foi a do Gato Malhado e a Andorinha Sinhá; [...] Eu a transcrevo aqui por tê-la ouvido do ilustre Sapo Cururu [que contou o caso] para provar  a irresponsabilidade do amigo [...].”
O seu ponto de vista, como podemos observar na passagem acima, é de uma focalização externa, onde o narrador é um mero observador, exterior aos acontecimentos. Narra aquilo que pode apreender através dos sentidos: ele não penetra no interior das personagens.

Personagens

Aqui faço uma breve descrição das personagens do livro. Na minha opinião, Jorge Amado não escreveu a obra de forma inocente. Cada animal tem uma carga simbólica bem definida, mas isso fica a critério de quem lê a obra. Por isso, irei dar o seu relevo na obra. A caracterizações das personagens são feitas ou pelas outras personagens ou pelo narrador.

Gato Malhado
 
Personagem principal. olhos pardos que refletiam maldade, feio, corpo grande e forte, ágil, de riscas amarelas e negras. Era egoísta, mau humorado, convencido. Vivia como se fosse um vagabundo, carente de carinhos. A caracterização indireta verifica-se pela maneira como as personagens reagiam após o Gato ter conhecido a Andorinha, porque, até então, ninguém lhe dava atenção e afeto. Escrevia-lhe sonetos (plagiados), falava bem com aqueles que ele tratava mal. Mesmo assim, a sua fama de mau persegue-o até ao fim da história.


Andorinha Sinhá
 
Personagem principal. A Andorinha é risonha, alegre, aventureira, bela, gentil, uma jovem que adora conversar e mantinha boas relações com todos. A sua vida era tranquila até que conheceu o Gato Malhado. A Andorinha viu-o como um desafio: ouvira falar muito mal dele, e até fora proibida de chegar perto dele, mas essa situação aumentou-lhe mais a vontade de conhecê-lo melhor. O narrador acha-a “louquinha” por esta querer falar com o inimigo (gatos se alimentam de passarinhos!). 


Cobra Cascavel
 
É um animal que, por si só, tem uma carga simbólica poderosa e importante. É o animal mais temível de todos. Morava fora do parque e foi afugentada pelo Gato.


Manhã e Tempo
 
A Manhã é uma funcionária relapsa, preguiçosa, fanática por uma boa história, distraída, sonhadora. Ela apaga as estrelas e acende o Sol. 
O Tempo é o Mestre de tudo e de todos.


Rouxinol
 
É belo e gentil. É o professor de canto da Andorinha e seu pretendente. É com ele que a Andorinha vai casar. Ele desperta ciúmes no Gato, porque é uma ave, assim como a andorinha.


Velha Coruja
 
Sabia a vida de todos no parque e é com ela que o Gato falava mais.


Reverendo Papagaio
 
Tinha passado algum tempo num seminário e dava aulas 
de religião. Por debaixo da capa religiosa, é um mentiroso, covarde e namorador, que fazia propostas indecentes ao público feminino. É o único que falava "a língua dos homens".


Galo Don Juan de Rhode Island
 
O Galo, polígamo, “maometano”, orgulhoso (nota-se até no nome!). Foi o juiz do casamento da Andorinha e do Rouxinol.


Sapo Cururu
 

Companheiro do Vento, o Sapo é quem conta a história da obra ao narrador. Ele é visto como um ilustre, um intelectual, um académico, que vai denunciar para o leitor que o Gato plagiou sonetos. 


Cães
 

Serviam para ajudar a compor o ambiente do parque.


Pata Pepita e o Pato Pernóstico
 
Ajudam a compor o ambiente no que diz respeito à vida social do parque. Uma das frases que eu acho importante para ilustrar a condenação do amor do Gato e da Andorinha vista pelas personagens é dita pela Pata: “pata com pato, [...] andorinha com ave, gata com gato”.


Pombo-Correio
 
Fazia longas viagens, levando a correspondências do parque. Tinha boa índole, mas era visto como um tolo porque a Pomba-Correio traia-o com o Papagaio


OUTRAS PERSONAGENS
 
Vaca Mocha
 
É vista como uma figura com muito prestígio, respeitada por todos, pois era descendente de um touro argentino. É tranquila, circunspecta, um pouco solene e irónica. No entanto, possuía um temperamento vingativo e um humor variável. Sua língua é uma mistura de português com espanhol para dar um certo prestígio, mas a sua língua é o português.

Vento
 
Não posso deixar de referir quem originou a história do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá: o Vento. É  um figurante na história. É um velho atrevido, ousado, aventureiro, alegre, dançarino de fama. Ele soube desta  história de amor através de suas aventuras e resolve contar a Manhã para cortejá-la.


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